Os hábitos alimentares de pacientes com dor podem afetar significativamente a ocorrência, o desenvolvimento e o prognóstico da dor crônica, de acordo com a análise de dados de um registro sueco recentemente publicada na Scientific Reports.¹
Os achados do estudo indicaram que cerca de um a cada cinco pacientes em terapia de reabilitação para dor tem hábitos alimentares inadequados. Entretanto, aproximadamente 20% desses pacientes também referiram que gostariam de se alimentar de maneira mais saudável, evidenciando a necessidade de cuidados nutricionais personalizados.Embora os pacientes tenham indicado interesse por uma alimentação mais saudável, não está claro se elas sabem por que a nutrição é importante e/ou como modificar seus hábitos alimentares, comentam os autores na discussão
dos achados.¹
Os pesquisadores utilizaram dados de 2.152 pacientes do Registro Nacional Sueco de Qualidade em Reabilitação para a Dor, entre 2016 e 2021. Os pacientes responderam a um questionário de qualidade de vida referente aos seus hábitos alimentares e estilo de vida (a média de idade dos respondedores foi de 46,1 anos e 24,8% foram classificados como obesos). Entre os pacientes que responderam ao questionário, 27,2% referiram refeições em horários irregulares, 20,3% consumiam fast food semanalmente e 33,3% referiram consumo quase diário de doces (de várias vezes por semana até diversas vezes ao dia).¹
Mais de 400 participantes referiram que gostariam de adotar uma alimentação mais saudável. Os pesquisadores observaram que o consumo frequente de doces [razão de chances (OR) = 1,23; intervalo de confiança (IC) de 95% = 1,07 a 1,47] e de fast food (OR = 1,58; IC de 95% = 1,24 a 2,02) aumentaram a probabilidade de o participante desejar uma alimentação mais saudável. Eles também observaram maior interesse pela mudança para uma dieta mais saudável entre os mais jovens (18 a 29 anos), aqueles classificados como obesos e aqueles com maior área corporal afetada pela dor.¹
As limitações do estudo incluem o fato de todos os participantes terem sido encaminhados a um único centro terciário e de reabilitação para tratamento de condições dolorosas complexas. Portanto, os resultados podem ser generalizados para esse grupo de pacientes tratados em centros especializados, mas a possibilidade de extrapolação para além dessa população é limitada.¹
Para abordar o interesse dos pacientes por dietas mais saudáveis, os autores sugerem que intervenções personalizadas no estilo de vida, quando indicadas, sejam integradas aos programas interdisciplinares de reabilitação para pacientes com dor crônica.¹